Interpretações



O Texto Bíblico e as Interpretações

Ao abrir a Bíblia Sagrada, o pregador se depara com textos que desafiam suas opiniões e não poucas vezes a opinião do seu publico. Escritos que vão muitas vezes contra sua forma de pensar e agir, tornando difícil para o homem desonesto com sigo mesmo ceder ao que neste livro está registrado.

Mais há outra preocupação quanto ao que lê a Bíblia Sagrada, é a ideia de que este livro pode ter várias interpretações e cada indivíduo que ler a Bíblia Sagrada terá a sua versão do significado. Este pensamento é tão maligno quanto não acreditar na Bíblia Sagrada. Este pensamento conduz para uma busca de várias interpretações, cada qual adequada a mentalidade de um leitor. Assim não haverá rumo, e a divergência será sempre em números crescentes mais do que o consenso, isso porque os homens pensam diferentes, possuem culturas diferentes, idiomas diferentes, e tantas outras diferenças que vão interferir na sua interpretação do texto bíblico.

Poderia um leigo entender a Bíblia Sagrada, ou esta tarefa estaria ao alcance apenas dos eruditos e teólogos da igreja? É fato que o texto bíblico não é incompreensivo, e também não foi escrito apenas para um público específico, todos podem ler e entender a Bíblia Sagrada, pois o seu texto foi fornecido ao homem para que não erre o caminho que o levará ao Senhor Deus Criador. Acredita-se que Deus não indicaria um caminho obscuro e indecifrável para dificultar ao homem chegar até sua presença. Mas há observações quanto aos cuidados, pois o entendimento de um texto requer mais atenção do que apenas a leitura em si, apenas ler um texto não garantirá a compreensão, ainda mais se tratando de textos bíblicos.

Diante disto, fica a observação, assim como a única pessoa que seria capaz de convencer o homem é o Espírito Santo, só assim ele tornar-se-á uma nova criatura e poderá se beneficiar de verdades que lhes farão compreensivas somente por intermédio do Espírito Santo. Desta forma não acredito que alguém chegue a compreensão de algo que está na Palavra de Deus sem o Espírito Santo. Podemos se tiver tempo fazer uma exegese no texto: "Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. João 14:26; para tentarmos aprender mais sobre o assunto. Mas repito que sobre o que Paulo diz fica claro que ciências humanas são insuficientes para a compreensão da revelação da Palavra de Deus, no máximo a escrita dos homens.

Onde houver a verdade sobre Deus ali estará o Espirito Santo, onde houver meias verdades sobre Deus ali estará o homem. Existirá sempre o questionamento sobre o por que nem todos compreendem de forma unânime essa revelação da Bíblia, Palavra de Deus. Como resposta mais óbvia no entendimento até aqui, poderá ser observado as divergências entre os que confessam a mesma fé cristã, sempre estão sobre pontos que não conseguem empiricamente, provas literárias suficientes para uma unanimidade. Assim ao afirmarem cientificamente como mestres hermenêuticos os próprios dão a sua compreensão quanto os diversos temas.

Não conseguindo fechar literalmente nas Escrituras, acabam deixando duvidas e assim confundem os que não possuem a mesma sorte de estudar temas academicamente. Não consigo ver intenção espiritual de Deus nisto sendo que Deus quer que todos cheguem ao pleno conhecimento da salvação e verdade. Então aí o Espírito Santo, pois o que não é para ser revelado aos homens é justamente o que os homens não conseguem entender mesmo com tantos séculos de estudos e erudição teológica e aí o homem deveria se contentar com o que já possui, ou simplesmente entender que existe o Espírito de Deus que está com a Igreja, responsável por esta compreensão. Se os homens não conseguem entender pode sim ser pela distancia que estão de Deus em seus propósitos. A seguir vamos tentar através do texto apresentado compreender um pouco sobre as divisões no meio do grupo cristão por causa da compreensão da Bíblia, lembrando que a responsabilidade de revelação e compreensão das Escrituras e o que nela existe está na iluminação pelo Espírito Santo, porém não elimina a responsabilidade humana da busca pelo saber e compreender a escrita.

O problema para o entendimento das Escrituras Sagradas está no homem e não nas Escrituras. Eis o dilema que resultou em muito desentendimento no passado, diga-se que até os dias de hoje interpretações dos textos da Bíblia Sagrada são responsáveis por fragmentar o cristianismo, afinal pode andar dois juntos se não tiverem de acordo? “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?”Amós 3:3. Este texto é muito citado para mostrar que o acordo entre duas pessoas quanto ao que fazer é responsável por mante-los unidos.

Embora este texto na maioria das vezes seja usado como um texto isolado para mostrar que é necessário concordar para seguir junto. É bom lembrar que textos usados de forma isolada do seu contexto é perigoso pois dificulta a compreensão do real significado, mesmo assim não deixa de ser este texto confiável para tal informação. Isso porque o texto faz parte de uma série de outras comparações para chegar a afirmação: “Certamente o Senhor DEUS não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas Amós 3:7”. Ou seja é mostrado uma série de verdades para demonstrar a verdade sobre Deus naquele texto, e para aquele momento, a seguir o texto completo:

Ouvi esta palavra que o SENHOR fala contra vós, filhos de Israel, contra toda a família que fiz subir da terra do Egito, dizendo: De todas as famílias da terra só a vós vos tenho conhecido; portanto eu vos punirei por todas as vossas iniqüidades. Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo? Rugirá o leão no bosque, sem que tenha presa? Levantará o leãozinho no seu covil a sua voz, se nada tiver apanhado? Cairá a ave no laço em terra, se não houver armadilha para ela? Levantar-se-á da terra o laço, sem que tenha apanhado alguma coisa? Tocar-se-á a trombeta na cidade, e o povo não estremecerá? Sucederá algum mal na cidade, sem que o Senhor o tenha feito? Certamente o Senhor DEUS não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas. Amós 3:1-7

A compreensão de textos bíblicos quando contestada, pode causar uma quebra a unidade do cristianismo. Desde a antiguidade ocorre este tipo de divisão quanto as opiniões sobre significados bíblicos. A quem diga que isso é nocivo para uma religião, e em parte realmente é, porém essa atitude mostra também favorecimento à libertação das mentes quanto a falsos ensinamentos. O problema para a maioria das pessoas é como saber quando um ensino bíblico é falso ou verdadeiro.

Por muito tempo interpretar textos da Bíblia, sempre foi responsabilidade dos que estavam responsáveis pelo povo, no caso a Igreja e o seu clero. Mesmo assim as divergências eram tantas que surgiu a necessidade de Concílios para resolve-las quanto ao que crer ou rejeitar, obviamente o que era rejeitado caia na vala da heresia. Como exemplo vamos apenas expor o Primeiro Concílio de Niceia que foi um concílio de bispos cristãos reunidos na cidade de Niceia da Bitínia, pelo imperador romano Constantino I em 325 d.C.. Uma primeira tentativa de obter um consenso quanto as divergências sobre assuntos que hoje parecem simples na boca do povo como: a Páscoa, Deus pai e Jesus o filho, a Trindade, até os dias de hoje ainda existe controvérsia quanto a estes temas. Pode-se compreender que sempre houve dificuldade quanto ao que seguir como verdade bíblica unanime, lembrando não por causa das Escrituras, mais por causa dos homens, e sempre existirá pois o homem é corrupto quando busca seus interesses.

Além da Doutrina Trinitária, mais conhecida como a Trindade, outros pontos de crenças entraram em pauta. O credo de Niceia declarou que Jesus é simultaneamente divino e humano; A salvação é possível através da pessoa, vida e obra de Jesus; Jesus Cristo foi concebido de forma virginal, foi crucificado, ressuscitou, ascendeu ao céu e virá de novo à Terra; A remissão dos pecados é possível através do batismo; Os mortos ressuscitarão. Parece simples entre os cristãos falar de todos estes pontos nos dias de hoje, assuntos que são até tratados não com a devida importância que merecem. porém existia o combate na época a movimentos como arianismo e o gnosticismo que também eram movimentos cristãos, o arianismo com a negação da consubstancialidade entre Jesus e o Pai, desta forma colocava Jesus como um ser criado, e subordinado ao Pai. Já o gnosticismo entrava com seu sincretismo religioso e filosófico e por muitos reverenciado na antiguidade por mostrar uma suposto aprofundamento teológico e sabedor dos mistérios profundos.

Não é o objetivo deste documento o aprofundamento em temas como estes, porém é necessário citá-los para se tenha a compreensão que movimentos que dividiram a forma de crer no cristianismo como a Reforma Protestante e tantas outras separações que existiram após a Reforma, são resultados de conclusões sobre temas bíblicos ou seja, dentro de um grupo (A) pode existir sim vários outros grupos que não concordam com tudo que é ensinado, e a possibilidade de novos grupos eclodirem sempre será real por não concordar com interpretações bíblicas do grupo (A). E o fim das separações e divisões parecem estar sempre distante como se percebe nos dias atuais.

A cada dia surge um líder com um motivo para erguer mais uma denominação cristã, e quando se pergunta qual é a alegação, se tem por respostas as mais diversas possíveis porém na sua maioria fúteis: “Tive um sonho; Deus disse; Um anjo me apareceu; Recebi uma unção diferente; Deus me ordenou a proclamar a verdade bíblica; Sonhei com o nome da igreja; Um ser de branco me revelou que deveria fazer assim. Enfim são tantos os motivos apresentados que podem resumir-se em apenas um: Não concordo com o que é ensinado na congregação. É de forma respeitosa que cita-se também sobre separações e divisões que surgem por argumentos verdadeiros, e não concordar com falsas doutrinas sempre é louvável, e combate-las também.

Dá para ilustrar sobre criação e divisão de grupos cristãos quanto os ensinamentos bíblicos, através da relação de pertinência e inclusão em conjuntos na matemática. “Um conjunto é um agrupamento de elementos com características comuns”. As principais operações que se pode comparar Igreja com os conjuntos na matemática são: União, diferença, representação, intersecção. destacando apenas a “União” que é o conjunto formado pela reunião dos elementos de (A) e de (B). Esta é a operação mais difícil de se comparar com Igreja, porque quando todos os elementos se reúnem e formam um só conjunto seria o conjunto ideal tratando religião. Abaixo temos ilustração dos conjuntos (B) e (A).


Imagina-se uma Igreja que possui dentro do seu grande grupo, um grupo que não concorda com o que é ensinado, mais está contido neste grupo igreja, seria como (A) está contido em (B). Porém com o tempo, o grupo (A) não estará mais contido em (B), será realmente uma outra igreja. Se assim for necessário ainda existirá um terceiro grupo, este não é nem totalmente (B), e nem totalmente (A), possui elementos dos dois, mais não pertence a nenhum deles, desta forma acaba de existir outro grupo ou igreja.

Deixando a matemática para os matemáticos, a ilustração acima tornou-se adequada para mostrar que obtendo interpretações bíblicas divergentes, as divisões nas igrejas serão inevitáveis, pode não ser a curto prazo, mais ao longo prazo se não houver concordância ocorrerá o rompimento da unidade. As divisões no cristianismo sempre ocorreram, e sempre existirão até o fim de todas as coisas. Tão inevitável que a maior destas separações será feita pelo próprio Deus, textos a seguir mostram separações na forma clássica ou seja separados por diferenças em alguns aspectos:

Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. E cinco delas eram prudentes, e cinco loucas.[...]E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos. E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço. Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir. Mateus 25:1,2,10-13
E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda.Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Mateus 25:31-34

Deve-se facilitar a compreensão das escrituras, e como fazer isso sem infringir na autenticidade do seu significado? Várias traduções e opiniões sobre os textos da Bíblia existe hoje, o qual era impensado no passado. Aliás a Vulgata deveria ser preservada e nada de traduções para o vernáculo popular, essa era a ordem clerical. Como exemplo cita-se o Concílio de Tolosa em 1229 na cidade de Tolosa na França que surge como um dos esforços da Igreja Cristã para acabar com o catarismo, um movimento que interpretava a ideia do bem e do mal como duas forças divinas. O Deus bom era o Deus do Novo Testamento e criador do reino espiritual, o mau era identificado pelos cátaros por Satanás.

Um dentre tantos movimentos que surgem desafiando os significados e interpretações da igreja da época. Desta forma neste concílio se decidiu proibir o uso da Bíblia em língua do povo , pois acreditava-se haver com essa medida a extinção de heresias que se baseavam em traduções e interpretações não autorizadas pela Igreja. Estas ordens estavam apoiadas por toda uma Igreja que detinha o direito de interpretar as Escrituras Sagradas, desta forma é que deveria ser para segurança de uma interpretação digna de ser acreditada, ou seja acreditava-se que fora do clero haveria apenas especulações sobre os textos, e este tipo de propagação era na visão da igreja mais maléfica que benigna, traria mais dano do que benefício.

Não é o objetivo deste texto a discussão sobre a proibição ou não da leitura da Bíblia Sagrada pelos leigos por parte da igreja, e muito menos apoiar a não leitura da Bíblia por todos. Porém é interessante compreender que os movimentos surgiam porque ao ler os textos bíblicos ocorriam divergências de ensino entre o que Igreja acreditava e as ideias surgidas das novas interpretações. Nos dias atuais não é diferente quanto significados existe para uma mesma passagem bíblica em ministérios diferentes, mesmo entre os pregadores de um mesmo ministério. Os significados transformados em doutrinas são praticamente impostos aos textos bíblicos surgindo daí aberrações. Ensinamentos bíblicos que levam multidões a se afastarem da verdade bíblica, assim afastam-se de Deus também, porque nele está a verdade e nele não há engano.

Para quem quer empenhar-se em interpretar e pregar sermões bíblicos, se faz necessário alertar sobre a uma forma correta de ler os textos bíblicos, respeitando-os como mensagens de Deus para os homens(ver texto Teologia e o Pregador). E se os homens não entendem o que lê, será sempre pelo seu despreparo tanto intelectual como espiritual. E qualquer igreja que esforça-se para permanecer na verdade bíblica é digna de respeito. O problema é quando uma igreja é obrigada mentalmente a conviver com delírios de pregadores e pastores no lugar da “Sã doutrina”, e não são poucos os que usufruem dos seus púlpitos para ensinar sonhos e experiências pessoais no lugar dos textos bíblicos. Atentar-se para recomendações quanto a isto já é um ensinamento a ser propagado. “Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade,”1 Timóteo 6:3; “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.”João 17:17

Uma exposição de textos bíblicos mal estudada, fora dos contextos, excluída das intenções dos seus autores, e principalmente manuseada por pessoas inescrupulosas, é maléfico e causa sim muita confusão. Estes pregadores não possuem o auxílio do Espirito Santo, são pessoas que não nasceram do Espirito, ainda estão no nascimento carnal, semelhante a Nicodemos em João 3:3 “ Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” Sempre será prejudicial, sempre terá enganos disfarçados de verdades.


Muitos estão levando multidões ao erro, utilizando-se da palavra como a serpente utilizou no Éden, muitos pastores e pregadores estão conduzindo à perdição multidões usando a Palavra de Deus como Satanás utilizou no deserto no episódio da tentação de Jesus. As citações: “ está escrito” ou “Deus disse”, são as mais usadas para garantir a validação do engano. Olhando o texto bíblico nos dois evangelhos Lucas e Mateus, se entende bem isso:


Levou-o também a Jerusalém, e pô-lo sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; Porque está escrito: Mandará aos seus anjos, acerca de ti, que te guardem, E que te sustenham nas mãos, Para que nunca tropeces com o teu pé em alguma pedra. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Dito está: Não tentarás ao Senhor teu Deus.Lucas 4:9-12

Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, E disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas mãos, Para que nunca tropeces com o teu pé em alguma pedra. Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus. Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. Então o diabo o deixou; e, eis que lhe chegaram os anjos, e o serviam. Mateus 4:5-11

Defensores de doutrinas como “Ato profético” utilizam passagens bíblicas do Antigo Testamento, onde Deus ordenou aos profetas a utilizarem símbolos para que fosse anunciada ao povo sua mensagem. Esses falsos mestres Defensores deste tipo de doutrina são causadores de confusão bíblica e engano, são pregadores segundo Balaão. Ensinam o povo a transportarem estes símbolos para suas vidas, sempre ensinando o que for mais conveniente para situação litúrgica do momento, assim ensinam o povo a fazer uma ponte entre os textos antigos e suas vidas de forma errada, favorecendo a crença de que fazendo assim trarão a existência o que desejarem por que em suas palavras a poder, pois este é o procedimento para quem é espiritual. Uma interpretação como esta torna-se um engano terrível. Transformando qualquer texto em metáfora e inventando figuras de linguagem para assim validar suas mentiras evangélicas. Textos como citados abaixo estão na preferência destes profissionais do engano bíblico:


Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e passai-o na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã.
Êxodo 12:22;

Assim me disse o Senhor: Faze uns grilhões e jugos, e põe-nos ao teu pescoço.
Jeremias 27:2

Assim disse o SENHOR: Vai, e compra uma botija de oleiro, e leva contigo alguns dos anciãos do povo e alguns dos anciãos dos sacerdotes;
E sai ao Vale do Filho de Hinom, que está à entrada da porta do sol, e apregoa ali as palavras que eu te disser;
Jeremias 19:1,2

Assim me disse o SENHOR: Vai, e compra um cinto de linho e põe-no sobre os teus lombos, mas não o coloques na água. E comprei o cinto, conforme a palavra do Senhor, e o pus sobre os meus lombos. Então me veio a palavra do Senhor pela segundavez,dizendo:Toma o cinto que compraste, e que trazes sobre os teus lombos, e levanta-te; vai ao Eufrates, e esconde-o ali na fenda de uma rocha.
Jeremias 13:1-4



Ao obedecer as ordens de Deus os profetas não traziam nada a existência tudo não passava de formas didáticas para passar ao povo o que estava acontecendo com o povo em relação ao seu Deus.

Por não utilizar das palavras no seu uso natural, cria-se significados e mensagens diversas sobre elas, deixando de lado o real significado do texto completo. Palavras como: hissopo, verga, porta, ombreiras, casa, grilhões, botija, cinto de linho, passam a possuir significados misteriosos e que serão revelados durante a pregação. Os significados mostram-se tão profundos, que somente do céu poderia vir assim dizem os que utilizam destes métodos e assim doutrinam a igreja. Porém o mais importante sobre o que o texto quer informar não será exposto, isto é uma certeza pois não haverá tempo, todo o tempo para expor as escrituras fora tomado pelos mistérios.

O método empregado por vários preletores que assim ganham a vida de congregação em congregação, é antigo e já foi muito explorado nos primórdios. Ano 100-600 d.C a interpretação alegórica obteve o domínio das interpretações de textos bíblicos do Antigo Testamento, chamada "Exegese Patrística". Mesmo com a intenção digna de compreender o Antigo Testamento, este método deixava de lado o entendimento do texto como era e caminhavam para especulações através de métodos alegóricos por quem estava a ler e estuda-lo, deixando de lado o sentido que o autor intentava ao texto.

Entre alguns nomes aparece Clemente de Alexandria (150-215) que acreditava que as escrituras possuía cinco sentidos de interpretação: histórico, doutrinal, profético, filosófico e místico, e as mais profundas riquezas seria apenas para os que conseguissem o sentido mais profundo da interpretação, obviamente o sentido místico sempre saia na frente na preferência, pois o ocultismo sempre fascinou a humanidade. No ano de 185 - 254 da era cristã a história relata sobre Orígenes este acreditava ser os textos sagrados da Bíblia uma vasta coleção de alegorias que indicariam a verdade, trabalhava os detalhes das Escrituras Sagradas do Antigo Testamento como simbólica, dando também importância aos mistérios escondidos no texto Sagrado.

Acreditava Orígenes que as Escrituras sagradas se resumia em três sentidos: Literal, moral e alegórico ou místico, ao interpretar as Escrituras sua prática sempre estava voltada apara alegórico e mistico. Dentre tantos outros exemplos, estes bastam para entender que a prática atual de diversos pregadores em procurar os mistérios nos textos bíblicos não é novidade. Não se descarta os esforços destes homens e tantos outros quanto a seus estudos exegéticos, porém Na prática já se sabe por registros históricos, que o desprezo do sentido literal e moral das escrituras, e a inclinação para um suposto sentido místico resulta em desastre doutrinário.

Antes de se dispor a pregar sermões Bíblicos seria de necessidade entender o significado de interpretar um texto(ver texto Teologia e o Pregador). Ao utilizar-se da interpretação para determinar o significado preciso de um texto, lei, etc. O indivíduo estará trilhando um caminho correto. Porém ao utilizar-se da adivinhação ou saber algo por meio da indução, o caminho logo não trará certezas e sim mais dúvidas sobre o assunto. Não quer dizer isso que terá sempre certeza dos fatos aquele que está a interpretar um texto bíblico, porém a direção que se tem que trilhar é a que vai em direção a única verdade que o texto tem a transmitir ao leitor e o melhor caminho é não afastar-se da intenção original do autor.

Um raciocínio que provem de dados particulares, provenientes de experiências pessoais não é descartada, porém tratando-se da Bíblia Sagrada, a cognição que é a aquisição de conhecimento através do conjunto dos processos mentais usados no pensamento através da captação dos cinco sentidos humano, não pode ser a regente do significado de um texto bíblico. A experiência de quem ler não pode ser a mandante na interpretação do que é lido no texto. Por exemplo, a experiência do pregador quanto ao bem e o mal não pode interferir no que a Bíblia diz sobre o bem e o mal. O homem tende a querer dar significado as coisas, porém a revelação Bíblica já concedeu seus significados necessários para se fazer entendida. Quando os homens dão a sua versão para as Escrituras Sagradas, fazem pessoas vítimas do seu engano com suas falsas interpretações. A Bíblia Sagrada não é de particular interpretação. “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.”(2 Pedro 1:20). Partindo deste principio bíblico se extrai a regra fundamental da Hermenêutica: “A Escritura explicada pela Escritura, ou seja: A Bíblia, sua própria interprete.”

É interessante como a Bíblia Sagrada descreve o evento enganoso no Éden. Fica exposto que o engano está em querer saber mais para um fim em si mesmo, uma certo saber egoísta e sem propósito justificável. Uma espécie de ganância para o saber, porém saber para que? A resposta no texto não é das melhores pois mostra o homem ainda não caído sendo induzido ao erro do saber para si mesmo, um saber para ser mais do que se é tornou o homem menos do que foi criado. O texto bíblico mostra com clareza o que seduziu a humanidade:

Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus;(Gênesis 3:4-7)


“Abrir os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal” Incrível como o “saber” e o “conhecimento” se tornaram iscas para pescar a humanidade para morte. Não existe o interesse em levar o leitor a negligenciar estudos e pesquisas que buscam aprimorar o saber, até porque o interesse em escrever este texto é trazer responsabilidade ao ler a Bíblia Sagrada. Porém é importante atentar para busca de uma interpretação correta das Escrituras Sagradas. O texto de Gênesis 3:4-7 aqui citado, é uma tipica pregação onde é usado a Palavra de Deus para justificar o que se quer. Se a personagem Eva no texto tivesse ficado apenas com o que Deus falara tudo estaria resolvido, e não haveria lugar para o engano. Ao verificar o texto Bíblico onde Deus dá ordens quanto as árvores, vemos a clareza da Palavra do Criador para com sua criação:

E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.Gênesis 2:9 E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás. Gênesis 2:16,17

É importante perceber que não há alusão sobre a “árvore do conhecimento do bem e do mal” ser ruim, no momento estava apenas na condição de proibida, e como sempre deve-se fazer quando não se sabe o propósito de Deus, neste caso também é válido, Deus sabe de todas as coisas, o Criador é Soberano. Além do mais existia uma outra árvore também bem diferente das demais, a “árvore da vida” e é importante frisar que o pregador que Eva ouviu não interessou-se a falar sobre esta árvore.

A ideia é mostrar que nas palavras proferidas pelo personagem astuto, existia um interesse que não era glorificar o Criador e sua interpretação das Palavras de Deus proferidas em Gênesis 2:16,17 não foram fiéis. Assim se pode compreender uma pregação sem contexto que interessava apenas a serpente mais depois de anunciada interessou também a quem ouviu. Considerada sem contexto porque não foi levado em consideração a existência de outras árvores como também a Palavra do Criador quando disse “livremente” para as demais árvores e o porém (mas) quanto a árvore do bem e do mal. Sabe-se pelo que está escrito no texto que isto já era certo, esconder a verdade e mentir sempre fez parte deste pregador de Gênesis, despertar o interesse na humanidade por transgredir as Palavras do Criador. Isto até o dia de hoje ele faz com primazia através dos seus adeptos como como esta descrito no texto bíblico narrado no evangelho segundo joão, que com dureza faz separação dos que são de Deus e os que não são:

Disse-lhes, pois, Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou. Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra. Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. Mas, porque vos digo a verdade, não me credes. Quem dentre vós me convence de pecado? E se vos digo a verdade, por que não credes? Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus. João 8:42-47

Para não se enquadrar no grupo de pregadores que tem por mestre “Satanás a antiga serpente”, é necessário prestar atenção no que Deus disse e não no que dizem que Deus disse. A diferença pode ser brutal quando analisado e posto à prova. O personagem “serpente” no texto começa sua preleção com uma frase que faz com que se pare para analisar: “É assim que Deus disse:” Ora se começo pregando coisas que Deus disse fica mais fácil, não se duvida do que é correto, e para os ouvidos desatentos basta colocar o nome de Deus em qualquer frase de efeito que esta se tornará uma verdade eterna e irrefutável. Eva estava com a resposta porém a pregação da serpente foi mais convincente como o texto descreve:

“Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?”Gênesis 3:1

É deixado a mostra neste texto a necessidade do pregador atentar para que não venha prestar serviços para Satanás, fazendo agradável aos ouvidos dos homens o que Deus já proibiu. O pregador da Palavra de Deus deve ter compromisso com Deus e com sua Palavra por isso deve este estudar e meditar com respeito o que está escrito para quando abrir sua boca verdadeiramente ele o pregador diminua e Deus e sua Palavra seja aos ouvidos de todos notória como verdade eterna. Para isso deve ter nascido de Deus, assim o Espírito de Deus iluminará seus estudos da Bíblia Sagrada, também deve possuir um espírito respeitoso pois a bíblia é a revelação do Onipotente, pela sua palavra os homens serão julgados, não deve ser obstinado teimoso que recusa os ensinamentos bíblicos porque sua vida não condiz então tenta achar nos textos formas de encaixar suas preferências, é necessário lembrar dos ensinamentos em 1 Coríntios 2:12-16:

Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. As quais também falamos, não com palavras que a sabedoria humana ensina, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais. Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo. 1 Coríntios 2:12-16



Ler e reler o texto bíblico, sempre preocupando-se em utilizar as palavras que estão no texto no seu sentido usual e comum, se está entendido claramente o significado das palavras lidas, para que procurar significados secundários? É nesta procura pelo desconhecido que está a vaidade do homem em querer o saber, porém um saber não para exaltar a Deus e sim a si próprio. Se as palavras encontradas no texto realmente estão um tanto como obscura, então deve-se buscar seus significados se possível nas palavras próximas a elas, se assim continuar sem a compreensão fazer a busca pelo conjunto de frases em que elas ocorrem será proveitoso para abrir o entendimento do que se trata. Se mesmo assim ainda faltar a clareza quanto ao que estar escrito, procurar ler as frases anteriores e seguintes do ponto a que se pretende pregar. É Importante que a busca pela clareza do texto se estenda por todo parágrafo e o livro se for necessário.

Partir do mais simples para progredir ao mais complicado é a prudência de quem estuda passagens bíblicas, pois não é sábio tentar expor o que não se entende. Não desprezar os que já deram suas vidas para produzir dicionários e livros que tratam deste livro Sagrado a Bíblia. Lembrando sempre que a regra fundamental para interpretar as escrituras é: “A Bíblia é sua própria interprete.”


A hermenêutica é importante porque capacita a pessoa a se movimentar do texto para o contexto, para que o significado inspirado por Deus na Bíblia fale hoje com uma relevância tão nova e dinâmica quanto em seu ambiente original. Além disso, pregadores ou professores devem anunciar a Palavra de Deus em vez de suas opiniões religiosas repletas de subjetividade. Só uma hermenêutica bem definida pode manter alguém atrelado ao texto. A falácia básica de nossa geração evangélica é a do “texto-prova”, processo pelo qual uma pessoa “ prova” uma doutrina ou prática simplesmente se referindo a um texto sem observar seu significado original inspirado. (Osborne, Grant R – A Espiral Hermenêutica, p 27)


A memorização de versículos Bíblicos não frutificam em nada quando não se entende os seus significados.

“Um semeador saiu a semear a sua semente e, quando semeava, caiu alguma junto do caminho, e foi pisada, e as aves do céu a comeram;” Lucas 8:5

Presbítero
Israel Lopes




C. Nelson P / E. Lund.
Hermenêutica – Regras de interpretação das Sagradas Escrituras- editora Vida, 1999

Osborne, Grant R
A espiral hermenêutica: uma nova abordagem à interpretação bíblica – São Paulo: Vida Nova, 2009

Virkler A. Henry
Hermenêutica Avançada – editora Vida – impresso por: Editora Betânia - 1999


Postagens mais visitadas deste blog

Blasfêmia dos homens

Enganadores.

O erro

Ceia do Senhor

Não complique

Entendimento

Páscoa escravagista

Mentira "Santa"

Perdão

Quem crer segue