Liberte-se das amarras, fale.

LIBERTE-SE das amarras mentais criadas por quem mais entende da mente humana. Depois do Criador, Satanás, a antiga serpente, é quem mais investe em conhecer as vontades e desejos dos homens e os caminhos da sua mente. Deus conhece o homem por ser o seu Criador, mas Satanás, por ser o enganador. O adversário da humanidade enganou os homens pela palavra. Ironicamente, ou claro, como é um texto de cunho também religioso, providencialmente, pela Palavra, ele foi derrotado pela própria Palavra, o VERBO que se fez carne e habitou entre os homens.

A palavra sempre esteve envolvida na criação e faz parte da criação do homem. A comunicação humana pela palavra realmente sela a humanidade como coroa da criação, pois, além de ser a criatura feita à imagem e semelhança do Criador, carrega o que há de mais sofisticado na criação humana: a comunicação pela palavra. Sendo assim, é comum que a forma de comunicação sofra todo tipo de interferência e tentativa de deturpação, como formas de moldá-la para um fim, e por que não afirmar, a comunicação espontânea de denúncia, crítica e advertência sofrer constantemente ameaças de ser silenciada.

Mas é sabido que silenciar o crítico, o que denuncia, e o que encontra a certeza do que está certo não é tarefa fácil. Em tempos truculentos, muitos eram atirados à morte com pouquíssima acusação, fazendo assim com que o silenciar, ao menos temporário, do assunto contestado ocorresse. Porém, em tempos modernos, a comunicação se estende por tantos meios que o silenciar tem que ser mais sutil, disfarçado e inteligente, pois, caso contrário, provocará mais barulho. E se tem algo que pessoas que não gostam de ser contrariadas detestam, é barulho de vozes mostrando que estão erradas e precisam rever seus conceitos. Vamos tentar, através deste simples texto, que não tem pretensão de aprofundar nada, apenas servir de ponto de partida para denunciar uma astuta forma de intimidar os que falam, se expressam, denunciam mentiras e erros, e tentam trazer pessoas para uma vida melhor sob o descanso de viver livres para falar e se expressar.

Interessante é que a pregação do Evangelho consiste em anunciar, falar, expor, denunciar, mostrar o erro, mostrar os pecados da humanidade segundo as Escrituras, gritar ao mundo e a todos que odeiam a verdade que o Pai da Mentira é o Diabo. Então, surge uma estratégia dos infernos e escritórios das potestades nos ares: formar indivíduos em universidades que sejam contrários à fé em Deus, que aprendam a ridicularizar sua fala cristã, desdenhar seus textos bíblicos.

Eles se formam em disciplinas que ensinam a te analisar e descobrir onde estão as fraquezas de um indivíduo e, assim, conseguem, pela fala aveludada, rostos sorridentes e serenos quando aconselham, moldar o que alguém deve ou não fazer, falar, e até colocam o medo em você, uma pessoa comum, de se expressar. Uma verdadeira ditadura do silêncio no falar, pois você, a quem Deus deu o dom da comunicação, pode se prejudicar ao falar alguma coisa.

Mas o que ninguém explica para as pessoas é que existe toda uma estratégia para que todos, em uma só voz, falem sempre a mesma coisa, pensem sempre o mesmo pensamento, não discordem de nada, vivam uma calmaria fabricada nos porões nefastos dos que usam a psicologia e a psicanálise para controlar e pôr medo nas pessoas que já vivem com medo de ser elas mesmas. Muitos estão dizendo que você não tem que ter cuidados em suas palavras. Sabe por qual motivo? Simplesmente por terem descoberto que inexiste eficácia maior na humanidade do que a comunicação, o direito à expressão, o direito à fala.

Quando o medo enrustido de cuidado é inserido na mente dos pobres e oprimidos, que já não possuem voz na sociedade e são obrigados a ouvir o que não concordam ou não querem ouvir de seus senhores — sim, senhores, pois o recado de que suas palavras podem causar danos é sempre oferecido como solução para os problemas que passamos na vida, uma forma de culpar o indivíduo por se expressar —, imaginemos as cadeias obscuras que são colocadas em indivíduos que são impedidos de se expressar, se esta é a única forma que ele tem de demonstrar seus sentimentos de repulsa ou aceitação ao que escuta, vê e lê.

A frase sutil: "Cuidado com suas palavras..." é um ótimo conselho quando vem de um ótimo conselheiro, como Jesus, mas pode ter outros sentidos velados, como "Fique quieto!". A Bíblia afirma que por nossas palavras seremos julgados. Sim, mas vamos ver o contexto: "36 Mas eu digo que, no dia do juízo, os homens darão conta de toda palavra inútil que tiverem falado. 37 Pois, por suas palavras, vocês serão absolvidos e, por elas, serão condenados." (Mt 12:36,37) — Não é difícil perceber que estavam duvidando do poder do Espírito Santo, do poder de Deus, e quem estava duvidando desse poder eram os que já há muito tempo O procuravam de forma falsa e traiçoeira, para pegá-Lo em algum erro e acusá-Lo, e matá-Lo. Então, usar este texto para intimidar alguém a se expressar sobre coisas que ele vê que estão lhe prejudicando, que estão erradas, que não são verdadeiras, é, no mínimo, sagacidade, para não dizer que é maligno.

Outro texto que geralmente insistem em afirmar que, por isso, devemos tomar cuidado com as palavras, é o que trata da língua na Epístola de Tiago: "5 Assim também a língua é um pequeno membro e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia. 6 A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno." (Tiago 3:5,6)

Mais um texto bíblico usado de forma errada para promover doutrinas e ensinamentos de homens que nada sabem, a não ser dar ordens descabidas e exigir que sejam obedecidas, confiando na ignorância do povo.

Vejamos que o texto que se lê, seu capítulo é iniciado com: "1 Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo. 2 Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo." (Tiago 3:1,2) — Há um resumo sobre o poderoso membro que o homem possui, levando os homens a refletirem que os mais fortes animais podem ser detidos pelo freio em sua boca, mostrando também que os que são eruditos têm maior responsabilidade no uso das palavras e, por saberem mais, serão punidos mais severamente pelo que falam, isso tendo por base o conteúdo que sabem e como o usam, pois sabem o certo e o errado e podem julgar a si mesmos. Ainda neste capítulo de Tiago, ele confirma que não há como deter a língua: "7 Porque toda a natureza, tanto de bestas feras como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana; 8 Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal." (Tiago 3:7,8) — mostrando assim que, ao homem, a superioridade na criação está justamente no poder da comunicação, no poder de se expressar.

Tiago conclui o pensamento informando que não tem como alguém maligno ter verdades em suas palavras, mesmo que as mesmas sejam afáveis e boas. Mais ainda, Tiago deixa claro que, inevitavelmente, poderemos identificar de cara quem serve a Deus e quem serve ao maligno, quando ele afirma: "10 De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim. 11 Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?" (Tiago 3:10,11) — Quem é de Deus deve rejeitar qualquer tipo de intimidação onde ele tem que ficar com medo de expressar sua opinião por palavras. Não deve aceitar que possam sua forma de expressar sua opinião sobre o que vê, ouve ou lê, com a falácia de que poderá desagradar ou criar situações que serão irreversíveis. Realmente, pode ocorrer, e as pessoas devem cuidar para não fazer como ímpios, que usam a fala de forma frívola e torpe, imprudente e maliciosamente, com astúcia, para armar ciladas com mentiras disfarçadas de bondosas verdades. Sim, estas são réus do inferno, pois são falsas testemunhas.

Porém, quando se inicia um cuidado e recomendação excessiva com o que um cristão deve ou não falar, pois pode se prejudicar, pode sim configurar-se como intimidação para que verdades bíblicas não sejam ditas como devem ser, e sim fiquem sobre o muro da moralidade e sentimento mundanos. O mundano deve se preocupar com o que anda dizendo, mas o cristão não deve se preocupar se denuncia o erro, a mentira, o engano e, principalmente, se a Palavra de Deus está lhe apoiando a falar.

A sutileza em silenciar a pregação do Evangelho, que depende da liberdade da Palavra falada e escrita, em troca da "paz" e comodidade dos que querem viver de qualquer maneira o cristianismo criado no nosso século presente, é gritante. A pregação do Evangelho depende da liberdade do pregador em falar o que dizem as Escrituras, e geralmente o que dizem as Escrituras não agrada intelectuais céticos e soberbos, muito menos os que precisam que o pregador fique em silêncio.

Neste breve pensamento sobre "cuidado com suas palavras", tento levar em consideração que tiranos também o usam, e pior do que tiranos declarados são os que estão em volta de diplomas de cuidadores da alma, mente e bem-estar, quando, na realidade, por um surto de conhecimento que adquirem, sentem o nefasto sentimento de que todos em sua volta não possuem o conhecimento de causa suficiente para falar, repreender, denunciar, criticar ou expor uma opinião. Mas dizer "não fale, se cale, não precisamos de sua opinião" é muito agressivo. Então, usar: "cuidado com suas palavras..." faz cortes, abortos de opiniões que poderiam salvar vidas e denunciar o que é errado. Não há maior eficácia em tentar silenciar alguém do que fazê-lo desacreditado, e quando se consegue fazer o próprio indivíduo não acreditar mais em si e no seu senso crítico, a anulação do indivíduo será total. Em nossos dias, isso é feito de forma sutil, devagar, e sempre injetam ordens para silenciar a Palavra de Deus, denúncias da Palavra, em opiniões de cristãos piedosos, mas enfraquecidos pela psicologia barata da intimidação, pondo medo de adoecer pessoas ou adoecer ele mesmo por falar. Solta o verbo preso!

A pregação do Evangelho precisa de liberdade para falar. A Igreja necessita de liberdade para falar, e o que é a fala que parece irresponsável para alguns, pois desagrada e exige decisão de quem ouve, é verdade que liberta para o pecador que ouve. A intimidação sutil de que as palavras adoecem o ser humano, se volta contra a Palavra de Deus, que diz: "Não adulterarás, não mentirás, não matarás, não dirás falso testemunho, não adorarás a outro Deus, amarás a Deus de todo o teu coração;" e tantas outras opiniões bíblicas que incomodam o "bem-estar" mundano hoje, que foi necessário criar disciplinas científicas e, assim, a criação de doutores para moldar o que pode ser saudável falar e o que não é muito saudável. Deixo para o leitor responder o que o mundo listará como doentio no falar: se o que os homens aprovam ou o que Deus aprova.

Quem é chamado para proclamar as verdades bíblicas de Deus não deve se preocupar com suas palavras quando elas estão baseadas na Palavra de Deus. A Bíblia afirma que temos a mente de Cristo. Do contrário, se preocupe, pois estará só no que diz. 

Presbítero 

Israel Lopes 

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