Temei a Deus, Honrai ao rei.

É compreensiva a onda de descrença entre muitos evangélicos nas autoridades quanto ao caso de Pandemias ou alertas científicos em geral é a mesma reação que a muito tempo vem tomando cristãos evangélicos ao longo dos anos, a maioria não acredita mais na autoridade pastoral e muito menos em autoridade de órgãos oficiais da Igreja como. Então quando observamos cristãos evangélicos desdenhando e ridicularizando autoridades nacionais dos Poderes de Governo, como acreditando em suposta irrelevância das organizações internacionais como, OMS, OPAS, ONU, são reflexos de uma geração que aprendeu a não mais confiar e muito menos acreditar em pastores, uma geração de cristãos evangélicos que seus líderes, ou falam o que eles querem confirmando assim a vontade de cada grupo quanto a fé e a vida terrena, ou farão como sempre fazem sairão da igreja para uma do outro lado da rua ou mais próxima que assim agradar.

A maioria dos evangélicos do século 21 é rebelada de suas instituições de origem, e não estamos aqui falando de conversão do catolicismo para o protestantismo, estamos falando de centenas de igrejas evangélicas que surgiram por causa da fragmentação do movimento cristão evangélicos causado por não mais os crentes concordarem com as autoridades instituídas, por falta de concordância doutrinária, teológica, conflitos internos entre seus pastores, e mesmo conflitos de internos de cada um quanto sua fé, criando assim apoiadores de pastores e suas teorias e não mais da fé cristã tradicional apenas. No livro “Mochileiros da Fé” de Ricardo Bitun, temos uma amostra desta analise quando cita o “processo de secularização “ formulado por Max weber, onde o sagrado é gradativamente substituído durante uma explicação do mundo pela racionalidade técnica”, onde a produção religiosa é abundante para consumo de quem tem sede espiritual:

Aos poucos o fiel outrora “fiel” à sua religião, aos costumes e credo de sua religião de “berço”, vai paulatinamente esvaziando sua “fidelidade” a fim de tornar-se um peregrino da fé[...]em busca de amealhar durante sua peregrinação, maior número de bens que satisfação suas necessidades, assim como sua sede de consumo. Este andarilho acampa onde melhor lhe parecer.[...]A modernidade (que traz em seu bojo a secularização), lhe alçou à estatura de cidadão autônomo e independente, capaz de decidir sobre sua opção religiosa sem que a tradição o impeça. (Bitun Ricardo, Mochileiros da Fé, p.24)

Desta forma, a racionalidade técnica pode sim ser apontada e também aos temas políticos e sociais, a maioria segue o que sua líder pensa sobre política, ou determinado político, como também um partido político, surgindo assim a ideia de representação política social de um grupo evangélico também político, que intenta defesa dos direitos evangélicos cristãos, que antes ficava apenas no devocional e suplicas em fé ao seu Deus, assim considerando mais um produto religiosos entre tantos, o produto político “religião como serviço”. Em tempos políticos muitos dos religiosos evangélicos seguem sua liderança particular eclesiástica que já são formadores de pacotes de crenças espirituais no dia a dia de um fiel, onde é dado ênfase às dificuldades da vida à uma guerra com as forças do Mal e seu Líder o Diabo, contra os homens de fé em Deus e toda bondade atribuída ao cristianismo. Porém em tempos políticos e suas crises, acentua-se na produção de figuras messiânicas que salvarão a nação deste Mal anunciado, quanto a forma de apresentação desta forma de crer podemos ler no livro “Mochileiros da Fé” de Ricardo Bitun:

...empenhados em atrair mais adeptos às suas igrejas conclama os fiéis a combaterem o causador dos malefícios sociais e espirituais, levando-os a uma “guerra simbólica” contra o diabo e seus seguidores. Doenças miséria, dores das mais variadas, desemprego, entre outros são indícios de que o diabo esteja agindo, impedindo a prosperidade e a saúde dos possíveis adeptos. O antídoto pode facilmente ser encontrado nas mãos do líder que, sem nenhum constrangimento, oferece aos possíveis adeptos a solução parar todos os males terrenos”[...]Em suma constatamos nesse trabalho o surgimento de novas relações no interior do campo religioso sendo construídas nas bases da peregrinação e no uso da religião como serviço (Bitun Ricardo, Mochileiros da Fé, p.24,25)

Temos então um novo produto religioso em tempos de crise política, política envelopada com os interesses religiosos. Todo este público não olha mais autoridades instituídas com o mesmo entendimento que evangélicos de seis décadas passadas, mas o entendimento é de acordo com seus interesses ou do seu grupo, ou apenas seu líder religioso. Basta observar a ideia proposta de política conservadora a qual se baseia segundo reverendo Arthur Cavalcante da Igreja Anglicana do Brasil, em São Paulo, ao tratar a diferença de discurso conservado com discursos reacionários:

"O que a gente está encontrando são grupos reacionários e não conservadores. O conservador sempre vai ver a questão da Bíblia da mesma forma como foi lida há muito tempo. Mas, ele jamais vai negar o seu direito de pensar diferente. Ele nunca vai dizer que você não tem o direito de pensar. O reacionário não. Ele precisa eliminar. A única verdade é a dele e não a sua. E você tem que se converter à verdade dele" (https://www.brasildefato.com.br/2018/09/28/propostas-de-bolsonaro-vao-contra-a-biblia-e-jesus-afirma-pastor-anglicano)

É interessante frisar que este comportamento do povo evangélico também é refletido quanto a todo tipo de autoridade, pois uma geração de evangélicos que aprendeu o caminho da rebelião no sentido de não de rebelar-se contra autoridades instituídas, usam o mesmo comportamento para tudo e todos que não concordam e exercem poder e autoridade sobre suas vidas, neste caso o governo ou governos não mais são vistos como autoridades e poderes concedidos do auto como sempre lhes foi ensinado a milênios, mas que estão resumidos aos interesses de grupos e esse eu como evangélicos não estou gostando deste líder posso fazer o mesmo que faço com os pastores, afinal o que pesaria mais parar um evangélico, ridicularizar um pastor ou ridicularizar um político, na realidade a ridicularizarão de ambos possuem o mesmo peso, mas por causa da fé a ridicularizarão de um pastor deveria pesar mais, deveria pois os tempos e o povo evangélico no geral não seguem mais a medida de reconhecimento a autoridades como era antes, pois se rebelar-se no meio religiosos se tornou comum fora dele se tornou quase como uma regra quando não concordo com decisões de alguma autoridade.

Como na maioria das vezes nem todos religiosos não possuem o conhecimento de causa por completo do que o fez se rebelar sair de uma igreja para outra mesmo sendo as denominações parecidas com suas teologias como a Teologia da Prosperidade ou Teologia Pentecostal, mas mesmo assim não aceitam autoridade de um pastor evangélico que não seja do seja meio, aliás, alguns evangélicos não aceitam autoridade de nenhum pastor, apenas o de Cristo que não veem, pois está no Céu, apenas frequentam o ambientam de uma comunidade para participarem de cultos mais como se vai a qualquer lugar ou evento, sua a forma de viver deixa claro que não aceitam que pastores digam o que fazer ou deixar de fazer, isto é estranho, pois não condiz com o cristianismo relatado nas Epístolas Cristas do Novo Testamento.

Mas com certeza que este novo comportamento do cristão evangélico do século 21, além de mostrar a fragmentação da fé evangélica também e em tratar os seus pastor e suas autoridades e instituições, refletem sim na forma como encaram uma situação de caos e Pandêmica, pois toda e qualquer informação sobre o caos ou Pandemia provém de autoridades, cientistas, políticas, assim de duas formas poderão surgir as opiniões do público evangélico, ou acreditam apenas no que os seus lideres apontam como verdadeiro, dignos de confiança, ou acabam se rebelando e fazendo o mesmo que sempre fazem, não acreditam em nada e agem pela sua própria cabeça e ciência dos fatos, negando toda e qualquer ordem dos órgãos e autoridade sobre o assunto que vá ao contrário do que o individuo ou grupo evangélico religioso pensa! Até onde é benéfico ter religiosos tratando de política, ciência e o bem social humanitário, poderá ser medido pelo seu grau de interesse em que todos sejam beneficiados em uma nação pelo que propõe como solução, porém a descrença na utilidade de instituições nacionais e internacionais como o reconhecimento de sua utilidade para a ordem, paz e acordos humanitários.
Mas uma vez percebe-se certa distancia entre o cristianismo dos Apóstolos com o de muitos líderes religiosos do século 21:

Tendo o vosso viver honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem. Sujeitai-vos, pois, a toda a ordenação humana por amor do Senhor; quer ao rei, como superior; Quer aos governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores, e para louvor dos que fazem o bem. Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo bem, tapeis a boca à ignorância dos homens insensatos; Como livres, e não tendo a liberdade por cobertura da malícia, mas como servos de Deus. 1 Pedro 2:12-16;

Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai ao rei. Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor aos senhores, não somente aos bons e humanos, mas também aos maus. Porque é coisa agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente. Porque, que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas se, fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus. Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas. O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano. O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente; Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados. Porque éreis como ovelhas desgarradas; mas agora tendes voltado ao Pastor e Bispo das vossas almas. 1 Pedro 2:17-25;

“Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus.” Romanos 13:1; “Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.” Romanos 13:7; Parece difícil parar alguns separarem o discurso político dos religiosos, mas parar cristãos que seguem as doutrinas dos Apóstolos não deveria ser como de fato não o é. Podemos ler em um artigo sobre “A VISÃO BIBLICA DO GOVERNO CIVIL: UMA AVALIAÇÃO LIBERAL CLÁSSICA” no site  movimentofederalista.org.br: 

...como cristãos devemos reconhecer o governo como uma instituição sagrada cujos governantes são ministros de Deus para o bem (Romanos 13). [...]Deus ordenou o Estado praticar a justiça piedosa. Enquanto o governo estiver servindo o propósito final para o qual Deus o criou, nós devemos mostrar nossa fidelidade a Ele submetendo-se ao governo humano. O Apóstolo S. Pedro instrui: Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano, quer às autoridades, como enviadas por Ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem. (I Pedro 2:13–14).

Então o que se percebe é muito subproduto com interesse de comercializar a fé, porém de forma sofisticada em forma de voto, sistema político, democracia e também justiça social, deixando de lado a simplicidade de como é tratado o assunto nas Escrituras Sagradas o resultado é o que vemos, politicagens e descrença tanto em autoridades religiosas como políticas, talvez uma anarquia generalizada!

Israel Lopes
Presbítero

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